sexta-feira, 20 de abril de 2012

Matéria da revista Pesca& Cia de janeiro de 2011







História de pescaria realizada na Argentina em Ita-Ibaté, Corrientes,
pousada Gêmeos, Rio Paraná, em janeiro de 2009. Piloteiro: Schumacher.
Pescadores: Fábio Bordin – Belo Horizonte (quem escreve esta história); e Roberto Silveira – São Paulo, meu companheiro de pesca fiel de 7 anos.

Já havíamos ido à Argentina na região de Ita-Ibaté na
pousada Gêmeos com boas pescarias de dourados e pintados, mas esta última foi
de deixar saudades e ficará marcada nas nossas melhores recordações. Programamos
com mais de 1 ano de antecedência para conseguir uma boa data e a escolha do piloteiro. Fomos em 02 de Janeiro de 2009, assim que abriu a pescaria na
região. Saímos de avião de São Paulo até Foz do Iguaçu e a partir daí foram cerca de 500 km de boa estrada dentro do território argentino até a chegada na pousada Gêmeos.
Chegamos à tardinha e, de início, fomos recepcionados pela gerente e prestativa
Jacinta e pelo amigo e experiente piloteiro Schumacher que conhece o rio daquela região como ninguém além de ser um excelente fotógrafo. Sua alegria emnos ver estava estampada, pois como piloteiro consciente, sabia da nossa característica esportiva de soltar os peixes.
Minha história como pescador começou na adolescência com
pescaria com vara de bambu e meu pai foi o responsável por me introduzir neste
prazeroso esporte, depois meu pai diminuiu o ritmo das pescarias e eu dei
seqüência neste vício com progressivo aprimoramento de técnicas, equipamentos,
locais, etc., sendo hoje meu tio Roberto meu bom e fiel companheiro de aventuras
pesqueiras pelo Brasil a fora e é com ele que continuo aprendendo cada vez mais
e defendendo o pesque e solte.
Voltando a esta pescaria, logo que chegamos, acertamos as
tralhas, recebemos notícias de que os dourados estavam ativos e os pintados
estavam chegando e começando a dar emoções fortes aos pescadores da pousada que
se encontravam em um grupo logo ao nosso lado, estando todos entusiasmados e contando
varias histórias de capturas naquele dia; vale lembrar que naquela região se
pratica o pesque e solte, o dourado está proibido de ser abatido, medida que deve
ser seguida por nós todos aqui no Brasil e sou adepto ao pesque e solte em
qualquer região pois só quem solta o peixe sabe do prazer que se tem ao ver o
troféu indo cheio de saúde com expectativa de novas capturas sem culpa.
Fomos dormir após ouvirmos boas histórias e nem precisa
dizer que quase não dormimos direito tamanha a expectativa para o próximo dia.
Acordamos bem cedo e o barco já estava preparado com tudo que iríamos precisar:
iscas naturais, cevas, nossas varas e carretilhas, iscas artificiais, etc.
Schumacher estava ansioso nos aguardando, tomamos café bem rápido e saímos para
pesca de rodada pela manhã e “pincho” à tarde na busca dos dourados e belas
piracanjubas presentes na região. O ponto de pesca de “pincho” ficava a cerca
de 40 minutos rio acima da pousada mas valeu a pena esperar pois tivemos várias
ações de dourados, piracanjubas, piraputangas e até pacu na artificial.
Voltamos no final do dia sem grandes troféus, porém com muitas capturas e
bastante satisfeitos com a pescaria do dia.
No segundo dia os pintados começaram a chegar, os dourados
aumentaram de tamanho e com eles grandes saltos e grandes emoções. Nesta altura
já estávamos sabendo que a pescaria seria produtiva e com grandes peixes, mas o
melhor estava sendo guardado para mim nos dias finais da pescaria, meus troféus
tanto de escama quanto de couro estavam de dia e hora marcados comigo no quinto
dia de pescaria.
Bom, os dias foram correndo e com eles, pacus, pintados,
dourados, belas histórias, momentos inesquecíveis compartilhados com meu grande
companheiro Roberto Silveira que também capturou e soltou belos exemplares.
Mas no quinto dia, o dia “D,” foi inesquecível e ficará na
nossa memória, devo dizer que não se captura belos troféus como neste dia se não
houver colaboração e ajuda de todos no barco, portanto a captura foi não só
minha mas de todos os três. Havia ficado pela manhã na pousada, pois fiquei
doente com insolação e, portanto, decidi ficar de repouso naquela manhã.
Confesso que fiquei na cama hidratando a manhã toda e quando Roberto chegou
para o almoço teve de me acordar, logicamente me gozando pela insolação e
contando histórias de várias capturas da manhã só para me deixar de água na
boca. Como acordei melhor, decidi voltar à tarde para o rio; foi a melhor
decisão que poderia tomar.
Logo de início, após termos
descido o rio cerca de 10 minutos, capturei, na pescaria de rodada com tuvira, um
belo dourado de cerca de 20 quilos que já me deixou satisfeito por toda a
pescaria; a briga foi limpa e intensa, o bruto era tão pesado que nem deu
grandes saltos característicos do dourado. A emoção estava a mil, principalmente quando
dediquei aquela vitória ao meu filho Gabriel de 1 ano que será um bom pescador
quando crescer. Durante a soltura do peixe gravei dizendo a ele que se deve
pescar e soltar, pois são duas alegrias que garantem muitas no futuro. Queria
um troféu, que foi prometido pelo piloteiro logo no primeiro dia de pescaria e
aí estava ele. Não poderia pedir mais nada, aliás, pedi que o próximo troféu,
se tivesse que vir, que viesse na vara de meu companheiro que já havia pego
alguns bons pintados e dourados mas nenhum gigante como aquele dourado.
Enquanto pescávamos, percebemos acenos do piloteiro de outro
barco da pousada; recolhemos nossas linhas e partimos para ajudá-los: era um
casal de brasileiros de Araras –SP, Rui Moreira e Maria Silvia Moreira com um
grande peixe na linha e a lancha em pane mecânica. Com o espírito de
companheirismo, que sempre deve existir entre os pescadores, o casal veio para
o nosso barco, que embarcou o grande pintado de 30 kilos e partimos para a
praia para as fotos, a soltura e a alegria dos novos amigos.
Por conta da sorte e por presente de Deus, poucas horas
depois, agora em outra modalidade de pesca, pescaria de corrico com isca
artificial de fundo, fui novamente premiado e agora com o “verdadeiro
representante dos brutos”. O bruto quase
tomou a vara da minha mão, levou quase toda linha do carretel e parecia que não
iria sair da água nunca. Deu impressão que não fazia muito esforço para tomar linha
do carretel, pois tivemos que contar com a experiência do piloteiro Schumacher
para navegar atrás do peixe com motor ligado e bem acelerado até conseguir
recolher boa parte da linha para, daí em diante, começar a briga que durou
cerca de 1 hora até o bruto aparecer na flor d água. Durante a briga, a minha
linha de multifilamento se cruzou com as linhas de pescadores argentinos em
outro barco (estava a família inteira); conseguiram recolher algumas, mas
outras linhas permaneceram cruzadas; neste ponto houve a camaradagem que existe entre pescadores: eles nos
ladearam para deixarem suas linhas
livres de qualquer tensionamento para evitar a ruptura da minha linha. Foi
emoção para a vida inteira, um belo pintado de 1,80m com peso estimado em 60 quilos,
capturado, embarcado e solto na praia após belas fotos e muitos agradecimentos
ao piloteiro e ao meu companheiro Roberto. Tudo isso sob a assistência de uma
pequena torcida de pessoas locais e os aplausos pela captura e soltura do belo
exemplar. Foi a pescaria dos sonhos e mostro os filmes de todas as solturas de
peixe ao meu filho sempre que posso para que ele cresça sabendo que medidas
simples como esta garantem boas pescarias no futuro, onde a equipe ganhará mais
um membro adepto do pesque e solte que será meu futuro pequeno pescador,
Gabriel.
Equipamentos utilizados: carretilhas shimano curado 201 para
rodada, curado 101 e MG 51 para pincho, Abu Garcia 5601e fierro 6000 ( esta que
capturou o “bruto” ). Todas as linhas foram multifilamento com cerca de 40 a 60 libras. Varas
evolution e clarus da shimano.

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